O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), decidiu orientar os sindicatos de todo o país a fortalecer e ampliar ainda mais a greve nacional da categoria, durante reunião ocorrida nesta terça-feira (11), em São Paulo. A paralisação, que completa 15 dias e é a maior dos últimos 20 anos, já ultrapassou o total de 9 mil agências e vários centros administrativos fechados de bancos públicos e privados em todo o país.
A Contraf-CUT solicitará audiência com a presidenta Dilma Rousseff para cobrar empenho do governo federal na construção de uma solução para a greve. Outra solicitação de audiência será encaminhada ao presidente da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), Murilo Portugal. "Vamos cobrar a retomada imediata das negociações com a apresentação de uma proposta decente para a categoria", salienta o dirigente sindical.
"Os bancos públicos federais fazem parte da Fenaban e podem assumir um papel fundamental para construir uma proposta decente, que atenda às reivindicações dos bancários", ressalta Carlos Cordeiro. "O governo federal precisa estar ao lado dos trabalhadores e da sociedade brasileira e cobrar dos bancos uma solução para a greve que fortaleça a política de distribuição de renda e de redução das desigualdades sociais que iniciou no governo Lula", enfatiza. Cordeiro afirma que os bancários também querem discutir com Dilma o papel dos bancos no Brasil e propor a realização de uma Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro.
"Os bancos brasileiros são os que mais lucram na América Latina, mas pagam um piso salarial menor do que o recebido por argentinos e uruguaios, porém pagam bônus muito maiores para seus altos executivos", afirma Cordeiro, lembrando pesquisa do Dieese e da Contraf-CUT. O salário de ingresso nos bancos no Brasil em agosto de 2010 era equivalente a US$ 735, mais baixo o dos uruguaios (US$ 1.039) e quase metade do recebido pelos argentinos (US$ 1.432).
"Um país em que os altos executivos dos bancos chegam a ganhar 400 vezes mais que o piso salarial da categoria não pode ser chamado de justo", sustenta o dirigente sindical. "Além disso, os bancos utilizam a alta rotatividade do mercado de trabalho brasileiro, muito maior que em outros países, para reduzir a massa salarial dos bancários", denuncia.
A Contraf-CUT remeterá também cartas aos presidentes dos seis maiores bancos do país e que participam da mesa de negociações da Fenaban (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, HSBC, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), além do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco da Amazônia, cobrando a responsabilidade de cada instituição na retomada do diálogo para construir uma proposta para as questões gerais dos bancários, bem como para as mesas específicas.
Protestos nesta sexta contra a ganância dos bancos
O Comando Nacional definiu ainda a realização, nesta sexta-feira (14), de protestos em todo país contra a ganância dos bancos, por emprego decente e por um sistema financeiro cidadão. Os sindicatos irão organizar manifestações, com a participação de movimentos sociais, denunciando a falta de responsabilidade social dos bancos, que acumulam lucros estrondosos e não garantem contrapartidas aos trabalhadores e à sociedade brasileira.
"O papel do sistema financeiro é oferecer crédito barato e acessível para financiar o desenvolvimento econômico e social do país. No entanto, não é isso que acontece no Brasil. Basta ver que o spread bancário aumentou novamente após a queda da taxa Selic, atingindo o maior nível desde 2009", aponta Carlos Cordeiro. "Convidamos todas as entidades da sociedade civil organizada a participar dos protestos, cobrando a contribuição dos bancos no processo de desenvolvimento com distribuição de renda", completa.
Fonte: Contraf-CUT
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