quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A crise financeira que ronda o capitalismo mundial explicada de maneira simples

 





[Mikel Arizaleta, tradução do Diário Liberdade] Até que enfim! Uma explicação que entendo! (um abstêmio explica a crise a Vicenç Navarro).

Heidi é a proprietária de um bar em Berlim, que comprou com um empréstimo bancário. Como é natural, quer aumentar as vendas, e decide permitir que seus clientes, a maioria dos quais são alcoólicos no desemprego, bebam hoje e paguem outro dia. Vai escrevendo em um caderno todo o que consome cada um de seus clientes. Esta é uma maneira como outra qualquer de lhes conceder empréstimos.
Nota: Mas, na realidade, na caixa não entra nenhum dinheiro físico.
Muito cedo, graças à circulação da informação entre os clientes, o bar de Heidi começa a encher com mais clientes.
Como seus clientes não têm que pagar imediatamente, Heidi decide aumentar os lucros, subindo o preço da cerveja e do vinho, que são as bebidas que seus clientes consomem em maior quantidade. A margem dos lucros aumenta vertiginosamente.
Nota: Mas, na realidade, é uma margem de lucros virtual, fictícia; a caixa segue estando vazia de rendimentos físicos.
Um empregado do banco mais próximo, muito empreendedor, e que trabalha de diretor na seção de serviço ao cliente, repara que as dívidas dos clientes do bar são ativos de alto valor, e resolve aumentar a quantidade do empréstimo à Heidi. O empregado do banco não vê nenhuma razão para se preocupar, já que o empréstimo bancário tem como base para sua devolução as dívidas dos clientes do bar.
Nota: Conseguem apanhar a dimensão do castelo de cartas?
Nos escritórios do banco os diretores convertem estes ativos bancários em “bebida-bónuss”, “alco-bónuss” e “vómito-bónuss” bancários. Estes bónuss passam a ser comercializados e a mudar de mãos no mercado financeiro internacional. Ninguém compreende na realidade que significam os nomes tão esquisitos desses bónuss; também não entendem que garantia têm estes bónuss, nem sequer se têm alguma garantia ou não. Mas, como os preços seguem subindo constantemente, o valor dos bónuss sobe também constantemente.
Nota: O castelo de naipes cresce e cresce e não pára de crescer, mas tudo é mentira; não há detrás realidade monetária que o sustente. Tudo são “bónuss”, isto é, papeizinhos que “representam” ter valor desde que o castelo de naipes se mentiver em pé.
No entanto, embora os preços continuem subindo, um dia um assessor de riscos financeiros que trabalha no mesmo banco (assessor que, a propósito, demitem logo por causa de seu pessimismo) decide que chegou o momento de demandar à Heidi o pagamento de seu empréstimo bancário; e Heidi, por sua vez, exige a seus clientes o pagamento das dívidas contraídas com o bar.
Mas, claro está, os clientes não podem pagar as dívidas.
Nota: Porque seguem sem ter nem um cêntimo! Puderam beber cada dia no bar porque “se comprometiam” a pagar suas dívidas, mas o dinheiro físico não existe.
Heidi não pode devolver seus empréstimos bancários e declara a falência.
Nota: E Heidi perde o bar.
A “bebida-bonus” e os “alco-bónuss” sofrem uma queda de 95% de seu valor. “Vómito-bonus” vão ligeiramente melhor, já que só caem 80%.
As companhias que fornecem mercadorias ao bar de Heidi, que lhe deram longos prazos para os pagamentos e que também adquiriram bónus quando seu preço começou a subir, estão agora em uma situação inédita. O fornecedor de vinhos declara falência e o fornecedor de cerveja tem que vender o negócio a outra companhia da concorrência.
Nota: Porque os fornecedores de vinhos e cervejas também fiavam à Heidi, achando que estavam seguros de que cobrariam sem problemas ao cabo do tempo. Como não puderam cobrar, porque o dinheiro não existe, a dívida de Heidi acabou por comê-los.
O governo intervém para salvar ao banco, depois de conversas entre o presidente do governo e os líderes dos outros partidos políticos.
Para poder financiar o resgate do banco, o governo introduz um novo imposto muito elevado que pagarão os abstêmios.
Nota: Que é o que realmente passou. Com os impostos dos cidadãos inocentes, os governos taparam o buraco financeiro criado pela estupidez dos bancos.
Por fim! Uma explicação que entendo!

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